“Eu não indico presidente do Banco Central para o mercado”, diz Lula
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Ao Uol, presidente afirma que chefe do BC tem que cuidar dos interesses do Brasil e que o mercado “tem que se adaptar”
Ricardo Stuckert
Em entrevista ao site Uol, nesta quarta-feira (26), o presidente Lula foi perguntado, entre vários temas, sobre preocupações do mercado em relação à indicação do futuro presidente do Banco Central. De forma taxativa, Lula sinalizou que pretende indicar alguém com um perfil oposto ao do bolsonarista Roberto Campos Neto, atual ocupante do cargo.
“Olha, eu não indico o presidente do Banco Central para o mercado. Eu indico o presidente do Banco Central para o Brasil. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. E o mercado, seja ele o mercado financeiro, o mercado empresarial, o mercado produtivo, tem que se adaptar a isso”, afirmou.
Lula acrescentou ser importante que se tenha no país a certeza de geração de empregos, de inflação controlada, de crédito acessível, de mais investimentos.“É esse país de ganha a ganha que nós vamos criar, e aí estamos fazendo o país de ganha a ganha. Você percebe todo dia que o Brasil melhorou. Você percebeu que a economia voltou a crescer o triplo do que imaginavam que ela fosse crescer, embora tenha crescido um pouco, diante daquilo que eu acho que ela deve crescer?”, disse, criticando o mercado por não se preocupar com o desenvolvimento do país.
“As pessoas precisam compreender o seguinte. Você acha que a Faria Lima tem alguém que quer mais bem ao Brasil do que eu? Que tem interesse em melhorar a vida do povo mais do que eu? Você acha que tem? Você acha que quando eles estão discutindo o aumento da taxa de juros, eles estão pensando no cara que está dormindo embaixo da ponte? No cara que está dormindo na Sarjeta? No cara que está morrendo de fome? Pensam? Pensam no lucro! E o país tem que ter alguém que pense no povo”, enfatizou.
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Lula acrescentou que o mercado, além de não se preocupar com essas questões, torce para que os esforços do governo deem errado. “O mercado sempre precifica diferente. Está sempre trabalhando para não dar certo. Está sempre torcendo para as coisas serem piores do que são, na verdade. E a economia vai crescer. Vai crescer mais do que todos os especialistas disseram até agora”, assegurou, citando o recorde de financiamentos dos bancos públicos e iniciativas do governo como o Acredita, que facilita o acesso das empresas ao crédito.
Juros altos e autonomia do BC
Outro tema tratado na entrevista foi a lei que conferiu autonomia ao Banco Central, aprovada pelo Congresso em 2021 e que permitiu que Campos Neto permanecesse no cargo até hoje, sabotando o governo e o país e atuando como cabo eleitoral da oposição.
“Eu não preciso de uma lei para dizer que tem autonomia. Eu preciso respeitar a função do Banco Central. A pergunta que eu faço é a seguinte: o Banco Central tem necessidade de manter a taxa de juros a 10,5% quando a inflação está a 4%? O Banco Central leva em conta que as pessoas estão tendo dificuldade de fazer financiamento?”, questionou.
Nesse ponto, Lula defendeu que entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reforcem a pressão contra os juros altos, “porque são eles que estão tendo dificuldade”.
Lula voltou a destacar o equívoco da política monetária do Banco Central dianre de em um cenário de inflação controlada.
“Nós vamos cuidar da inflação. Eu quero que você saiba o seguinte: eu sou um ser humano que vivi com uma inflação de 80% ao mês, e eu recebia salário. E se eu não gastasse aquele dinheiro no dia, ele perderia valor no dia seguinte. Então, pra mim a inflação é quase que uma opção divina. Eu quero cuidar de controlar a inflação, porque eu quero que o povo tenha direito a comer do bom e do melhor e o mais barato possível”, afirmou.
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