EUA apresentaram projeto de resolução na ONU para um ‘cessar-fogo imediato’ em Gaza, diz Blinken
EUA apresentaram projeto de resolução na ONU para um ‘cessar-fogo imediato’ em Gaza, diz Blinken
Texto, que condiciona trégua à libertação de reféns israelenses, é apresentado após Washington vetar sucessiva e abertamente diversas propostas que continham as palavras "cessar-fogo" e "imediato"
Por AFP — Cairo
“Apresentamos uma resolução ao Conselho de Segurança, apelando a um cessar-fogo imediato condicionado à libertação dos reféns, e esperamos sinceramente que os países a apoiem”, disse Blinken ao al-Hadath News, durante uma visita à Riad, esperando que a proposta envie uma "forte mensagem”.
- A guerra eclodiu em 7 de outubro com um ataque terrorista do Hamas contra o sul de Israel, que matou 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e fez mais de 240 reféns, de acordo com autoridades israelenses. Tel Aviv afirma que 130 cativos ainda continuam retidos no enclave, dos quais 33 teriam sido mortos. Durante uma trégua temporária em novembro, após um acordo selado entre as partes do conflito e mediado pelo Egito, Estados Unidos e Catar, mais de 100 deles foram soltos.
O texto, ao qual a al-Jazeera tive acesso, diz: "O Conselho de Segurança determina o imperativo de um cessar-fogo imediato e duradouro para proteger os civis de todos os lados, permitir a entrega de ajuda humanitária essencial e aliviar o sofrimento humanitário e para esse fim apoia inequivocamente os esforços diplomáticos internacionais em curso para garantir tal cessar-fogo em conexão com a libertação de todos os reféns restantes". Ainda não foi formalizada uma data para a votação no conselho.
As especulações de que Washington negociava uma proposta nos bastidores começaram a circular no fim de fevereiro, após o país ter rejeitado a resolução apresentada ao conselho pela Argélia. Na época, a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield alegou que o país não poderia "apoiar uma resolução que poria em risco negociações sensíveis". As palavras "imediato" e "cessar-fogo" já foram motivo para rejeição de diversas propostas anteriores, e agora marcam a mudança do posicionamento do governo de Joe Biden frente ao conflito.
O presidente americano tem apoiado Israel desde os ataques de 7 de outubro, enviando milhões de dólares em ajuda militar e armas, mas recentemente lançou críticas contundentes à assimetria no número de mortos no enclave, à situação humanitária no enclave palestino — ONGs e agências da ONU alertam para o risco iminente de fome — e frente à potencial incursão terrestres à cidade de Rafah, no sul de Gaza, que abriga 1,5 milhões de palestinos.
E num discurso no início deste mês, sua vice, Kamala Harris, apelou a um “cessar-fogo imediato”, depois de meses de linguagem mais comedida por parte de funcionários da administração.
O anúncio aconteceu durante uma viagem de Blinken pelo Oriente Médio para pressionar por uma trégua em Gaza. O giro começou pela Arábia Saudita, na quarta-feira, onde o secretário se reuniu com o príncipe herdeiro, Mohamed bin Salmán. Nesta quinta, ele seguiu para o Egito, um dos principais mediadores do conflito junto ao Catar, na qual conversou com o ministro das Relações Exteriores Sameh Shoukry e com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi. No dia seguinte, Blinken desembarcará em Israel.