Máquina de ressonância 'mais poderosa do mundo' divulga 1ª imagem de cérebro humano

Máquina de ressonância 'mais poderosa do mundo'

 

Tecnologia atinge novo nível de precisão em exames e pode revolucionardiagnósticos e tratamentos

Por AFP —Saclay

02/04/2024 07h57  Atualizado há 53 minutos





O scanner de ressonância magnética mais poderoso do mundo forneceu asprimeiras imagens de cérebros humanos, atingindo um novo nível de precisão que,para os especialistas, pode lançar luz sobre os mistérios das mentes — e asdoenças que as assombram.

Pesquisadores da Comissão de Energia Atômica da França (CEA) usaram amáquina pela primeira vez para escanear uma abóbora em 2021. Mas as autoridadesde saúde recentemente deram a eles luz verde para escanear cérebros humanos.

Pesquisadores da Comissão de Energia Atômica da França (CEA) usaram amáquina pela primeira vez para escanear uma abóbora em 2021. Mas as autoridadesde saúde recentemente deram a eles luz verde para escanear cérebros humanos.

Vimos m nível de precisão nuncaalcançado antes no CEA — disse Alexandre Vignaud, físico que trabalha noprojeto.

O campo magnético criado pelo scanner é de impressionantes 11,7 teslas,uma unidade de medida que leva o nome do inventor Nikola Tesla.

Essa potência permite que o aparelhoescaneie imagens com 10 vezes mais precisão do que as ressonâncias magnéticascomumente utilizadas em hospitais, cuja potência normalmente não ultrapassatrês teslas.

Na tela do computador, Vignaud comparouimagens obtidas por esse poderoso scanner, apelidado de Iseult, com imagens deuma ressonância magnética normal.

— Com esta máquina podemos ver os minúsculos vasos que alimentam ocórtex cerebral, ou detalhes do cerebelo que eram quase invisíveis até agora —explica ele.

A ministra da Pesquisa da França,Sylvie Retailleau, ela mesma física, disse que a precisão da tecnologia é tantaque é até "difícil de acreditar".

"Esta inovação mundial permitiráuma melhor detecção e tratamento de patologias cerebrais", disse ela emcomunicado à AFP.

Iluminando asregiões do cérebro

Dentro de um cilindro de cinco metrosde comprimento e altura, a máquina abriga um ímã de 132 toneladas alimentadopor uma bobina que transporta uma corrente de 1.500 amperes. Há uma abertura de90 centímetros para os humanos "deslizarem".

O projeto é o resultado de duas décadas de pesquisas realizadas por umaparceria entre engenheiros franceses e alemães.

Os Estados Unidos e a Coreia do Sulestão trabalhando em máquinas de ressonância magnética igualmente poderosas,mas ainda não começaram a digitalizar imagens de seres humanos.

Um dos principais objetivos de umscanner tão poderoso é refinar a compreensão da anatomia do cérebro e de quaisáreas são ativadas quando ele realiza tarefas específicas.

Os cientistas já usaram ressonâncias magnéticas para mostrar que quandoo cérebro reconhece coisas específicas – como rostos, lugares ou palavras –regiões distintas do córtex cerebral entram em ação.

Aproveitar o poder de 11,7 teslasajudará Iseult a "compreender melhor a relação entre a estrutura docérebro e as funções cognitivas, por exemplo, quando lemos um livro ourealizamos um cálculo mental", disse Nicolas Boulant, diretor científicodo projeto.

Na trilha doAlzheimer

Os pesquisadores esperam que o poder doscanner também possa esclarecer os mecanismos indescritíveis por trás dedoenças neurodegenerativas, como Parkinson ou Alzheimer - ou condiçõespsicológicas como depressão ou esquizofrenia.

— Por exemplo, sabemos que uma área específica do cérebro, o hipocampo,está implicada na doença de Alzheimer, por isso esperamos poder descobrir comofuncionam as células nesta parte do córtex cerebral — disse a pesquisadora doCEA Anne-Isabelle Étienvre.

Os cientistas também esperam mapearcomo certos medicamentos usados para tratar o transtorno bipolar, como o lítio,se distribuem pelo cérebro.

O forte campo magnético criado pelaressonância magnética dará uma imagem mais clara de quais partes do cérebro sãoalvo do lítio. Isto poderia ajudar a identificar quais pacientes responderãomelhor ou pior ao medicamento.

— Se pudermos compreender melhor estas doenças tão prejudiciais, seremoscapazes de diagnosticá-las mais cedo e, portanto, tratá-las melhor — disseEtienvre.

Num futuro próximo, os pacientesnormais não serão capazes de usar o poderoso poder de Iseult para ver ointerior de seus próprios cérebros.

Boulant disse que a máquina "nãose destina a se tornar uma ferramenta de diagnóstico clínico, mas esperamos queo conhecimento aprendido possa então ser usado em hospitais".

Nos próximos meses, uma nova safra depacientes saudáveis será recrutada para que seus cérebros sejam escaneados. Amáquina não será usada em pacientes com patologias por vários anos.

 

Fotos

Outras Notícias

Teto para reajuste de medicamentos em 2024 fica em 4,5%

Teto para reajuste de medicamentos em 2024 fica em 4,5%Trata-se do menor reajuste desde 2020 Share on WhatsApp&n...

Anvisa autoriza registro de vacina que previne bronquiolite em bebês

Anvisa autoriza registro de vacina que previne bronquiolite em bebêsDose deve ser administrada na mãe durante a gesta...

Epidemia de dengue aumenta demanda por doação de plaquetas no Rio

Epidemia de dengue aumenta demanda por doação de plaquetas no RioComponente do sangue é essencial para tratar a forma...

Instituto Nacional de Cardiologia alerta para aumento da obesidade

Instituto Nacional de Cardiologia alerta para aumento da obesidadeQuadro é preocupante nas capitais e no Distrito Fed...