Maus hábitos alimentares têm levado à expansão da obesidade no mundo. Estudo publicado na revista científica The Lancet estimou em 1 bilhão a população de obesos em 2022. Feita pelo consórcio de pesquisadores NCD-RisC, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa inclui 879 milhões de adultos e 159 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos (é considerado obeso quem tem Índice de Massa Corporal, IMC, acima de 30 kg/m2). O número representava 12,5% da população mundial. Crianças e adolescentes com sobrepeso quadruplicaram em pouco mais de três décadas. Tal situação sugere que a tendência é a obesidade continuar a aumentar, sem perspectiva de reversão.
O estudo avaliou 220 milhões de pessoas em 190 países. Constatou que os maiores índices de obesidade estão nos países de renda média como o Brasil — e não nos mais ricos. A Turquia apresenta a taxa mais alta de mulheres obesas na Europa: 43%. Para os homens, é a Romênia, com 38%. Enquanto apenas 10% da população francesa é obesa, ela chega ao quádruplo disso nos Estados Unidos (44% das mulheres e 42% dos homens). A maior proporção de adultos obesos (60%) está na Polinésia e Micronésia.
De 1990 a 2022, a obesidade na população adulta mais que dobrou entre as mulheres (de 8,8% para 18,5%) e quase triplicou entre os homens (de 4,8% para 14%). Nas meninas passou de 1,7% a 6,9%. Nos meninos, de 2,1% para 9,3%. No Brasil, a parcela acima do peso supera a média mundial — 33% das mulheres, 25% dos homens, 14% das meninas e 17% dos meninos.
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A pesquisa também calculou a população abaixo do peso (IMC inferior a 18). Ela está em queda e, com isso, passou a haver mais países com obesos. Não há correlação entre pobreza e população abaixo do peso. Muitos países pobres enfrentam uma dupla epidemia: de má nutrição e obesidade. Nos países ricos, a obesidade infantil está concentrada nas famílias pobres. Nos de baixa renda, é problema da classe média. À medida que a renda sobe, mais crianças se tornam obesas. Muitas regiões convivem com os dois problemas, principalmente países em desenvolvimento como o Brasil.
O corpo humano evoluiu para sobreviver aos invernos e à fome acumulando gordura, depois difícil de perder. A isso se somam a oferta generosa de comida ultraprocessada barata e o estilo de vida sedentário. O resultado é a obesidade disseminada. Doenças decorrentes do excesso de peso — cânceres, distúrbios cardiovasculares, diabetes etc. — pressionam o sistema público de saúde. Por isso é preciso definir políticas que, desde a escola, ajudem a população a se informar e se alimentar de forma saudável. Obesidade também é questão de saúde pública.