Cérebros humanos estão ficando maiores, revela estudo; isso é bom? Entenda

Em quatro décadas, áreade superfície do órgão cresceu 15%, e o volume, 6,6%

Por O GLOBO — Rio de Janeiro27/03/2024 11h09  

 

 

Os cérebros humanosestão ficando maiores com o passar do tempo. É o que revela um novo estudopublicado na revista científica JAMA Neurology por pesquisadores daUniversidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos.

De acordo comanálises de exames de ressonância magnética, os cientistas observaram queaqueles que nasceram em 1970 tinham uma área de superfície cerebral 15% maiordo que os nascidos em 1930. Além disso, apresentavam um volume 6,6% superior doórgão.

Para os responsáveispelo trabalho, essa mudança pode ter um benefício: levar a uma maior reservacognitiva e, com isso, potencialmente reduzir o risco de demências, como adoença de Alzheimer, relacionadas à idade.

"A década em quealguém nasce parece afetar o tamanho do cérebro e, potencialmente, a saúdecerebral em longo prazo", afirma Charles DeCarli, primeiro autor doestudo, professor de Neurologia e diretor do Centro de Pesquisa da Doença deAlzheimer da UC Davis, em comunicado.

Elescitam que, embora o número de pacientes com demência no mundo esteja crescendodevido ao envelhecimento da população, com projeções da OMS apontando para 139milhões de pessoas com um diagnóstico em 2050, a incidência do Alzheimer –número de casos em relação à população – está diminuindo.

Um estudo anteriorchegou a constatar uma diminuição de 20% dessa incidência por década desde osanos 1970. Segundo DeCarli, o novo trabalho pode ajudar a explicar isso:"estruturas cerebrais maiores, como as observadas em nosso estudo, podemrefletir um melhor desenvolvimento do cérebro e uma melhor saúdecerebral".

Para o especialista,elas representam “uma reserva cerebral” que pode “amortecer os efeitos tardiosde doenças cerebrais relacionadas à idade, como a doença de Alzheimer edemências relacionadas”.

Por que os cérebros estão crescendo?

O estudo foi possível graças ao Framingham Heart Study (FHS), umacompanhamento lançado ainda em 1948 na cidade americana de Framingham,Massachusetts.

As imagens deressonâncias magnéticas foram realizadas entre 1999 e 2019 com 3.226participantes do FHS nascidos entre as décadas de 1930 e 1970. A idade médiaera de 57 anos no momento do exame.

Ao analisar os dados,os pesquisadores constataram aumentos graduais e consistentes em diversasestruturas cerebrais a depender do ano do nascimento. Entre aqueles quenasceram na década de 1930, por exemplo, o volume médio intracraniano era de1.234 mililitros. Já entre os nascidos quatro décadas depois, a média foi de1.321 mililitros.

Em relação à área desuperfície cortical, uma medida da superfície média do cérebro, o número passoude 2.056 para 2.104 centímetros quadrados no mesmo período. Além disso,estruturas como a substância branca, a substância cinzenta e o hipocampo (umaregião do cérebro envolvida no aprendizado e na memória) também aumentaram detamanho.

Entre os motivos paraesse crescimento, os autores escrevem no estudo que “as influências ambientaisno início da vida são os contribuintes mais prováveis”.

DeCarli explica que“a genética desempenha um papel importante na determinação do tamanho docérebro”, mas que as descobertas “indicam que influências externas, comofatores de saúde, sociais, culturais e educacionais, também podem desempenharum papel”.

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